ruim de verdade

A carcaça, em verdade um amontoado de rabiscos em forma de gato, deu uma volta no corredor enquanto a vizinha, agasalhada e que o saudou com um “boa noite” no dia claro, descia as escadas à garagem, então hesitou e voltou ao apartamento. No corredor viu também o sorriso pairando no ar como na velha animação. Socou, socou e socou até só sobrar aquilo, ainda a carcaça. “Deixa minha cunhada em paz!” e, em pensamento, estendia a recomendação à sobrinha que algo dizia era filha. Havia uma informação oculta. O que recebia os golpes, não parecia, era filho e nenhum dos dois imaginava. Instrumentos. Fantoches. Ferramentas. “Eles os enlouqueceram!”. Ou nada disso estava realmente acontecendo, ao menos não como os sentidos percebiam. Talvez ele fosse ruim de verdade. E só.